Introdução
O índio e o negro,
obrigados a aceitar a religião dos senhores, continuavam a crer nos seus deuses
e os cultuavam na clandestinidade. Descobertos, eram castigados severamente,
muitos morreram acusados de mandingas contra a Casa-Grande. Acuados, usaram a
velha máxima: se não pode com o inimigo, una-se a ele. Continuaram cultivando
seus deuses, sim, porém, com nomes católicos.
Sem parentes, sem
amigos, dispersos pelo mundo, os negros uniram-se em Irmandades religiosas,
onde se agregavam e se fortaleciam contra os problemas diários e as dores de
cada dia. A Irmandade da Boa Morte, que existe ainda hoje, em Cachoeira, na
Bahia, é um exemplo de resistência e fé. Já os negros mulçumanos, jamais
aceitaram abdicar de sua religião e preferiram a punição e a morte a
abjurarem suas crenças. Eram muito mais instruídos, grande guerreiros,
promoveram muitas revoltas, o malês nunca se rendeu. Criou uma sociedade
secreta, “Ogboni”, que treinava para a guerra, e, que se existisse hoje, seria
com certeza tachada se terrorista. Depois de séculos de luta e perseguição, a
cultura negra é admirada e respeitada neste país, e seus deuses, sua comida e
seus batuques, constituem um dos orgulhos da Bahia, a cidade negra do Brasil.
Orixás
Na mitologia
yoruba, orixás são
ancestrais divinizados africanos que correspondem a pontos de força
da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações
dessas forças. As características de cada Orixá aproxima-os dos seres humanos,
pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes .
Cada orixá tem ainda o
seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas,
ambientes, espaços físicos e até horários. Como resultado
do sincretismo que se deu durante o período da escravatura,
cada orixá foi também
associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos
negros. Para manterem os seus Orixás vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los
na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
S. Antonio: passou a
chamar-se Ogum, deus da guerra e das causas impossíveis, senhor dos metais;
Sta. Bárbara: Iansã, aquela que comanda os ventos e tempestades. “Não tem homem
que enfrente a guerreira mais valente”.
Sta. Luzia: "Oxum - Apará, protetora dos olhos;
S.Jorge:
Oxossi, o caçador, senhor das matas;
S.Lázaro:
Omulú, o todo poderoso e temido, dono da saúde e das doenças;
N.
Sra. da Conceição: Iemanjá, senhora das águas, a mãe da criação;
Sr.
Do Bonfim: Oxalá, criador do mundo, o orixá mais poderoso, muito reverenciado e
respeitado. Suas oferendas, os negros as faziam no meio da noite, em clareiras
fechadas, na mata, às escondidas.
Babaçuê
Babaçuê é
um culto religioso afro-ameríndio popular
do Norte e Nordeste do Brasil em especial nos
estados do Amazonas e do Pará.
Também chamado de
Batuque-de-Santa-Bárbara, Batuque-de-Mina, é considerado como uma
das Religiões afro-brasileiras por ser um tipo de candomblé mestiço,
também chamado de Jeje-Nagô, onde são cultuados
tanto Orixás como Voduns.
Como Batuque de Santa
Bárbara, cultua os Orixás nagôs Iansã e Xangô, a
primeira protegendo as mulheres e o segundo, os homens. E na versão
Batuque-de-Mina, cultua os Voduns.
Batuque
Batuque é
uma religião afro-brasileira de culto aos orixás encontrada
principalmente no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, de onde se
estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina. É fruto
de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, como as
nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.
Há duas versões
correntes sobre o mito fundador do batuque, uma que afirma ter sido trazido
para o Rio Grande do Sul por uma escrava vinda de Pernambuco e outra que não
associa a uma personagem mas às etnias africadas que o estruturaram enquanto
espaço de resistência simbólica à escravidão.
Cabula
Cabula é o nome
pelo qual foi chamada, na Bahia, uma seita surgida no final
do século XIX, com caráter secreto e fundo religioso.
Além do cunho
hermético, a seita mantinha forte influência da cultura afro-brasileira,
sobretudo dos malês, bantos com sincretismo provocado
pela difusão da Doutrina Espírita nos últimos anos do século XIX.
A Cabula é
classificada como candomblé de caboclo, considerada como precursora
da Umbanda, persiste ainda como forma de culto nos estados
da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro.
Candomblé
O Candomblé é
uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam
os orixás, Voduns, Nkisis dependendo da nação. Sendo de
origem totêmica e familiar, é uma das religiões
afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo
chamado povo do santo, mas também em outros países
como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha , Itália, Portugal e Espanha.
Cada nação africana
tem como base o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um fenômeno
brasileiro em decorrência da importação de escravos onde, agrupados
nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido
como babalorixá no caso dos homens e iyalorixá no caso das
mulheres.
A religião que tem
por base a anima (alma) da Natureza, sendo portanto chamada
de anímica. Os sacerdotes africanos que vieram para o Brasil como
escravos, juntamente com seus Orixás/Nkisis/Voduns, sua cultura, e
seus idiomas, entre 1549 e 1888, é que tentaram de uma
forma ou de outra continuar praticando suas religiões em terras brasileiras,
portanto foram os africanos que implantaram suas religiões no Brasil, juntando
várias em uma casa só para sobrevivência das mesmas. Portanto, não é invenção
de brasileiros.
Diz Clarival do
Prado Valladares em seu artigo «A Iconologia Africana no Brasil», na
Revista Brasileira de Cultura (MEC e Conselho Federal de Cultura), ano I,
Julho-Setembro 1999, p. 37, que o «surgimento dos candomblés com
posse de terra na periferia das cidades e com agremiação de crentes e prática
de calendário verifica-se incidentalmente em documentos e crônicas a partir do
século XVIII». O autor considera difícil para «qualquer historiador descobrir
documentos do período anterior diretamente relacionados à prática permitida, ou
sub-reptícia, de rituais africanos». O documento mais remoto, segundo ele,
seria de autoria de D. Frei Antônio de Guadalupe, Bispo visitador
de Minas Gerais em 1726, divulgado nos «Mandamentos ou Capítulos
da visita».
Embora confinado
originalmente à população de negros escravizados, inicialmente
nas senzalas, quilombos e terreiros, proibido
pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o
candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim
da escravatura em1888. Estabeleceu-se com seguidores de
várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em
levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da
população total) declararam o candomblé como sua religião. Na cidade
de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na
Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogados pelo Centro de
Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia)Mapeamento dos Terreiros
de Candomblé de Salvador.
Entretanto, na
cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e
muitas pessoas de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com
algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do
candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Orixás do Candomblé, os
rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte
do folclore brasileiro.
O Candomblé não deve
ser confundido com Umbanda, Macumba, e/ou Omoloko, e
outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e
com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo
Mundo, como o Vodou haitiano, a Santeria cubana, e o Obeah,
em Trinidade e Tobago, os Shangos(similar ao Tchamba africano, Xambá e
ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem yoruba, os
quais foram desenvolvidas independentemente do Candomblé e são virtualmente
desconhecidos no Brasil.
Santeria
Santeria (literalmente, caminho
dos santos - os termos preferidos entre praticantes
incluem Lukumi e Regla de Ocha) é um conjunto de sistemas
religiosos relacionados que funde crenças católicas com a religião
tradicional iorubá, praticada por escravos e seus descendentes
em Cuba, no Brasil(onde o Candomblé apresenta semelhanças
com a Santeria), em Porto Rico, na República Dominicana,
no Panamá e em centros de população latino-americana nos Estados
Unidos como Flórida, Nova York e Califórnia.
"Santeria" significa "caminho dos santos", originalmente um
termo pejorativo aplicado pelos espanhóis à devoção excessiva aos santos. Os
proprietários cristãos dos escravos não permitiram que praticassem
suas várias religiões animistas da África Ocidental, o que fez com
que os escravos contornassem essa proibição adorando seus deuses africanos sob
a forma exterior dos santos católicos.
O ritual da santeria
é altamente secreto e transmitido principalmente por via oral. As práticas
conhecidas incluem sacrifício animal, dança extática e invocações cantadas
aos espíritos. As galinhas são a forma mais popular de sacrifício; seu sangue é
oferecido aos orixás, que correspondem aos santos cristãos. A música
do tambor, atabaque e dança são usadas para produzir um estado
do transe nos participantes, que podem incorporar um orixá. Os antepassados são
tidos em alta estima na Santeria.
Muitos ativistas de
direitos dos animais atacam a prática da Santeria de sacrifício animal,
declarando que é cruel. Os seguidores de Santeria alegam que as matanças são
conduzidas da mesma maneira que animais são abatidos para consumo e isto não é
necessariamente sádico. Além disso, o animal é cozido e comido mais tarde.
Em 1993,
a Corte Suprema dos Estados Unidos estabeleceu que leis de crueldade
contra animais dirigidas especificamente contra a Santeria eram
inconstitucionais e a prática não viu nenhum desafio legal significativo desde
então.
Culto aos Egunguns
Segundo a tradição do
culto de Egungun, que é originário da África, região de Oyò. O
culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais
elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do
culto de Egungun é chamado de Mariwó. Xangô (Sòngó), é o
fundador do culto a Egungun, somente ele tem o poder de controla-los, como diz
um trecho de um Itan:
"Em um dia muito
importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô
a frente, as Yàmi fizeram roupas iguais as de Egungun,
vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos
correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos
espíritos. As Yàmi ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo
momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha
brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Yàmi atacaram,
derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou
desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito
próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Yàmi é que havia matado sua
filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez,
e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikù(Oniborun), o
guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os
preceitos de Orunmilà.
Xangô conseguiu rever
sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando
agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se
tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto,
provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço
que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Yami".
Culto de Ifá
Ifá da religião
yoruba. Com a ida destas culturas para Brasil e Caribe, nos períodos
do tráfico negreiro, alguns sacerdotes
(chamados babalawo (yoruba) e Bokono (ewe/fon).) foram levados para
estes países, estando ligados às religiões Candomblé (Brasil)
e Santeria através da Regla de Ocha (Cuba).
O culto de
Ifá é um sistema divinatório, empregado na África e nos
países para onde foi disseminado para decisões de cunho religioso ou social.
Utiliza três técnicas diferentes (Opelê, Ikins e Merindilogun),
que têm em comum os Odú-Ifá, os signos.
As mulheres também
podem ser iniciadas no culto, quando passam a ser
chamadas apetebis (esposas de Orunmilá), mas os sacerdotes
- babalawôs - sempre são homens heterossexuais, sendo vedado às
apetebis jogar Opelê ou Ikins. O Merindilogun é o jogo dos OBAORIATES
sendo permitido as mulheres a usarem o EKURÓ. As pessoas ebomis que não são
iniciadas em Ifá usam o OBANIKA.
O Culto de
Ifá tem um rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a
seus adeptos, expresso no Odu Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos
de Ifá.
Os primeiros a
escreverem sobre Ifá no Brasil, obras publicadas em português foram sacerdotes
Umbandistas. W. W. da Matta e Silva, conhecido como Mestre Yapacani já
descrevia em 1956 um dos inúmeros sistemas de Ifá em suas obras. Seus
discípulos, Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga) e Ivan H. Costa
(Mestre Itaoman) escreveram, nos anos 90, obras descritivas sobre o oráculo.
Pajelança
Pajelança
A Pajelança é
encontrada no Amazonas, Pará, Piauí e Maranhão, uma
religião autóctone, que foi gerada por elementos exclusivamente ameríndios. As
curas e rituais são realizados pelo pajé, equivalente
do xamã norte americano, com danças, cantos, e o instrumento sagrado,
o maracá, um chocalho e o uso de alcalóides vegetais, que possibilitam
o transe. Cada região tem entidades distintas que são invocadas, porém
sempre são espíritos da natureza, de animais ou de antepassados mortos. No
Piauí, a Encantaria mescla a pajelança amazônica com o catolicismo
popular.
Pajelança indígena
Pajelança (do
tupi pajé, curador, sacerdote, xamã) é um termo genérico
aplicado às diversas manifestações do xamanismo dos
povos indígenas brasileiros. Refere-se aos rituais nos quais um especialista
entra em contato com entidades não-humanas (espíritos de mortos, de animais
etc.) com o fim de resolver problemas que acometem pessoas ou coletividades.
Pajelança cabocla
A pajelança cabocla
(também chamada de cura, linha de pena e maracá, linha de
sacaca e diversos outros nomes) é uma manifestação religiosa não-indígena,
difundida pela Amazônia e parte do Nordeste do Brasil
(Maranhão e Piauí). Combina elementos do catolicismo popular, das
culturas indígenas, do Tambor de Mina e da Encantaria, da
medicina rústica e de outros componentes da cultura e da religiosidade popular.
Caracteriza-se, entre outros aspectos, pela ênfase no tratamento de doenças e
aflições, por um transe de possessão característico, com “passagem”
de diversas entidades espirituais em uma mesma sessão, e pela
presença de certas práticas como o uso de tabaco e outras substâncias
para defumação. Esses elementos associam a pajelança cabocla a outras
manifestações religiosas populares encontradas no Norte e no Nordeste
brasileiros, como o Catimbó/Jurema, o Toré e o Candomblé de
Caboclo.
Encantaria
Encantaria, Terecô, Mata ou Encantaria
de Barba Soeira, é uma forma de pajelança afro-ameríndia, praticada
sobretudo no Piauí, Maranhão e Pará. Em seus rituais, são
cultuadas diversas divindades de origens diversas, tais como africanas
(Voduns e certos Orixás), indígenas (O Raio, o Sol),
católicas (o Deus único, o Espírito Santo e a Virgem
Maria) e brasileiras (os Encantados e os Caboclos).
Diferente
da Umbanda, na qual as entidades são espíritos de índios, escravos, etc,
que desencarnaram e hoje trabalham individualmente (geralmente usando nomes
fictícios), na Encantaria, as entidades não são necessariamente de origem
afro-brasileira e não morreram, e sim, se "encantaram", ou seja, desapareceram
misteriosamente, tornaram-se invisíveis ou se transformaram em um animal,
planta, pedra, ou até mesmo em seres mitológicos e do folclore brasileiro
como sereias, botos e curupiras. Na Encantaria, as entidades estão
agrupados em famílias e possuem nome, sobrenome e geralmente sabem contar a sua
história de quando viveram na terra antes de se encantarem.
Quimbanda
Quimbanda é uma
ramificação da Umbanda desde a sua fundação pelo médium
brasileiro Zélio Fernandino de Morais, já que o mesmo admitiu ter um exu
ordenado por seus guias. O princípio norteador é o de trabalhar respeitando as
leis da Umbanda, uma vez que essas entidades são comandadas pelas entidades da
Umbanda, que é a sua matriz.
A Quimbanda é a
ramificação na qual atuam os exus e pombagiras, também chamados de povos
de rua. Eles manipulam forças negativas, o que não significa que sejam
malignos. Geralmente estão presentes em lugares onde possam haver kiumbas,
obsessores também conhecidos como espíritos atrasados. Os exus e pombagiras
trabalham basicamente para o seu desenvolvimento espiritual, com o intuito de
evolução espiritual, além de proteção de seu médium. Como são as entidades mais
próximas à faixa vibratória dos encarnados, apresentam muitas semelhanças com
os humanos.
A entrega de oferendas
é comum na Quimbanda, assim como na Umbanda, mas variam de acordo com cada
entidade. Podem ser oferecidas bebidas alcoólicas, tais quais, cachaça
(marafo), uísque ou conhaque, entre outras, além de velas e charutos.
Não se deve confundir
a Quimbanda com a Kiumbanda, popularmente conhecida como magia negra,
que não respeita os princípios fundamentais da Umbanda.
Um verdadeiro exu
jamais profere palavrões, ou mesmo indica ações contrárias ao bem. Quando a
Umbanda foi fundada, em 1908, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas,
através do médium Zélio Fernandino de Moraes, houve a resolução de que seria
fundamentada nos ensinos de Jesus Cristo. Sendo assim, as entidades que
incorporam nos terreiros seguem e respeitam este preceito que fundamentado na
religião. Os exus executam sua função de forma competente e objetiva sem muitos
rodeios, pois estão em busca também de sua evolução espiritual.
Portanto, são
soldados prontos a proteger e assegurar que espíritos malfeitores não promovam
o mal ao terreiro e a seu médium.
Umbanda
Umbanda é
uma religião heterodoxa brasileira, cuja evolução do polissincretismo
religioso existente no Brasil foi resultado de motivações diversas,
inclusive de ordem social, que originaram um culto à feição e moda do país.
O vocábulo é oriundo
da língua quimbundo, de Angola, e significa arte de curar,
segundo a Gramática de Kimbundo, do Professor José L. Quintão, citada na
obra O que é a Umbanda, de Armando Cavalcanti Bandeira, editora
Eco, 1970. Já os autores de vertente esotérica fazem alusão ao sânscrito a
partir da junção dos termos Aum e Bandha, o elo de ligação entre
os planos divino e terreno. A palavra mântrica Aumbandhan teria sido
passada de boca a ouvido e chegado até nós como A Umbanda.
Tambor de Mina
Redirecionado
de Tambor de Mina é a denominação mais difundida das religiões
Afro-brasileiras no Maranhão, Piauí e na Amazônia. A
palavra tambor deriva da importância do instrumento nos rituais de
culto. Mina deriva de negro-Mina de São Jorge da Mina, denominação dada
aos escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo de
São Jorge da Mina”, no atual República do Gana, trazidos da região das
hoje Repúblicas do Togo, Benin e da Nigéria, que eram conhecidos
principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs.
O Maranhão foi
importante núcleo atração de mão de obra africana, sobretudo durante o último
século do tráfico de escravos para o Brasil (1750-1850), e
que se concentrou na Capital, no Vale do Itapecuru e na Baixada
Maranhense, regiões onde havia grandes plantações
de algodão e cana-de-açúcar, que contribuíram para
tornar São Luís e Alcântara cidades famosas entre outros
aspectos, pela grandiosidade dos sobradões coloniais, construídos com mão de
obra escrava e pela harmonia, beleza e coreografia das músicas de origem
africana.
Como as demais
religiões de origem africana no Brasil (Candomblé, Umbanda, Xangô, Xambá, Batuque, Toré, Jarê e
outras), o tambor de mina se caracteriza por ser religião iniciática e de
transe ou possessão. No tambor de mina mais tradicional a iniciação é demorada,
não havendo cerimônias públicas de saída, sendo realizada com grande discrição
no recinto dos terreiros e poucas pessoas recebem os graus mais
elevados ou a iniciação completa.
A discrição
no transe e no comportamento em geral é uma características marcante
do tambor de mina, considerado por muitos como uma maçonaria de negros,
pois apresenta características de sociedades secretas. Nos recintos mais
sagrados do culto (peji em nagô, ou côme em jeje),
penetram apenas os iniciados mais graduados.
O transe
no tambor de mina é muito discreto e às vezes percebível apenas por
pequenos detalhes da vestimenta. Em muitas casas, no início do transe, a
entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos
ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe, numa dança de bonito efeito
visual. Normalmente a pessoa quando entra em transe recebe um símbolo, como uma
toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana, enrolado na mão
ou no braço.
No Tambor de
Mina cerca de noventa por cento dos participantes do culto são do sexo
feminino e por isso, alguns falam
num matriarcado nesta religião. Os homens desempenham
principalmente a função de tocadores de tambores, isto é, abatás, daí
a definição abatazeiros, também se encarregam de certas atividades do
culto, como matança de animais de 4 patas e do transporte de certas obrigações
para o local em que devem ser depositados. Algumas casas são dirigidas por
homens e possuem maior presença de homens, que podem ser encontrados inclusive
na roda de dançantes.
Existem dois modelos
principais de tambor de mina no Maranhão: mina jeje e mina nagô. O primeiro
parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das
Minas Jeje (Querebentan de Zomadônu), o terreiro mais antigo, que deve ter
sido fundado em São Luís na década de 1840. O outro, que lhe é
quase contemporâneo e que também se continua até hoje é o da Casa de Nagô,
localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.
A Casa das
Minas é única, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma
outra siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua
jeje (Ewê-Fon) e só se recebem divindades denominadas de voduns, mas
apesar dela não ter casas filiadas, o modelo do culto do Tambor de Mina é
grandemente influenciado pela Casa das Minas.
Nos terreiros de Tambor de Mina é comum a realização de festas e folguedos da cultura popular maranhense que às vezes são solicitadas por entidades espirituais que gostam delas, como a do Festa do Divino Espírito Santo, o Bumba-meu-boi, o Tambor de Crioula e outras. É comum também outros grupos que organizam tais atividades irem dançar nos terreiros de mina para homenagear o dono da casa, as vodunsis e para pedir proteção às entidades espirituais para suas brincadeiras. Sérgio Ferretti: "No Tambor de mina do Maranhão pouco se fala em Oxum, Oiá e Obá, conhecidas nos terreiros influenciados pelo candomblé. Os orixás e voduns se agrupam em famílias ou panteões."
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